sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

o salto...


Hoje de forma diferente… “texto corrido” mas nem um pouco menos dorido! Sinceramente?! Nem menos nem mais porque apenas acho que já não sinto. É tanto o aperto que me sufoca a cada palavra que escrevo… mas se não escrevo expludo!
É realmente complexa a mente humana… quem diria que precisei de chegar a esta (pouca) idade para de facto o saber, o sentir…
É tão fácil quando, usufruindo da minha (des)humana capacidade (i)lógica, me dou conta de que sou racional e vejo tudo com uma clareza que não deixa manobra para incertezas!
Tudo é lógico!
Sei que pode piorar mas que tenho o poder e a capacidade para fazer melhorar! Demore o que demorar porque, (i)logicamente nada dura para sempre!
Nada?! Sim, logicamente que nada exceptuando a morte…! Ah… Morte… Pergunta: Desespero ou estado de graça?!
Não é estar morto já o nada sentir, este sufoco que contrasta com a leveza diária do meu poema antitético que oscila entre o que me faz andar a levitar, olhando para a minha própria vida como se sobre ela pairasse e não fosse eu a própria peça, e o fardo que carrego aos ombros como se do peso do universo se tratasse?!
Logicamente que não!
Sei, com o saber racional que a minha capacidade (des)humana me confere, que é apenas um estado passageiro, originado por momentos de fadiga física, psicológica… sei, sem sobra de dúvida que, logicamente, passa! Porque, logicamente, sou adulta, responsável e forte… E... logicamente, para não variar, só eu tenho a capacidade de mudar o que em mim esta errado e, apenas em mim, os outros são responsáveis por si!
Agora ilogicamente e, por isso, mais verdadeiramente… não o sinto! Sou racional? sim… alguém com canudo o disse e assim lhe façamos a vontade... mas não sinto qualquer racionalidade em mim!
O precipício entre o saber e o sentir é gigantesco e, o medo, completamente irracional! Já o passo que me conduz ao salto, à queda… esse, obrigatório!
Não podes levantar-te se não entras no precipício! Ilógico mas sentido… como tal nada racional!
De facto, dei-me hoje conta de que é necessário e indispensável conhecer o fundo ao poço para saber onde encontrar a água e finalmente saciar a sede.
Difícil não é ser forte… ser racional é de todas a mais fácil das provas a que este jogo irónico (sádico?), a que chamam de vida, me submete.
O salto, o medo, o sufoco, a cegueira total que me faz sentir já sem vida de tão insuportável, esse sim: o verdadeiro e único acto racionalmente impensável e emocionalmente imposto! (I)Logicamente é este o derradeiro passo para a libertação do agir. Para a construção da ponte que tranquiliza o abismo entre o saber e o sentir…
O salto…
Deixarei no abismo o peso do universo que racionalmente não me pertence mas que sinto tão meu… De volta à superfície trarei apenas comigo o medo de o não carregar e não ter assim desculpas para inércia em que me quero acomodar.
Vou enterrar na parte mais funda todas as reservas de espinafres que me fazem achar Popey e me impõem a obrigação de ser forte, vou buscar e transportar apenas a mulher que também é menina e precisa de colo porque nem sempre suporta sozinha.
Na subida vou soltar ao vento todos os preconceitos que me obrigam a ser lógica, racional e nada mais… maquina no fundo…
Quanto à imposição e ao próprio conceito de perfeição a que diariamente, logicamente, me obrigo… esse vou trazer comigo por instantes, só para ter o prazer de o lançar bem do alto e vê-lo esborrachar-se no fundo!
3…2…1…. Fecho os olhos, respiro fundo, as mãos transpiram, o coração quase pára… O silencio contaminou tudo… vou saltar!
Adeus precipício hoje quero (re)começar a construir a ponte!

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Quero-te sapo, quero-vos asas…


Vimos o dia nascer e tudo terminou.
Não mais escuridão, de regresso a solidão.
Torno a perder-me em mim, não sei quem sou!
Dois corpos, nossos, num só, separam-se em vão...
Um raio de sol leva de todo a magia
Apenas luz… e tão bela e mórbida como ela só!
Esvaneceu-se o encanto, és príncipe agora!
Regressa ao castelo, antes o sapo da noite…
Não quero saber de eternas juras de amor,
Contos de fadas?! Ahah! Ilusão!
Cavalos brancos, castelos, torres encantadas?!
Princesas encarceradas, é tudo o que vejo!
Quero ser pássaro, quero-te sapo…
Quero-te noite, sem luz… sem disfarces!
Ríspida e fria, sem ilusão, sem sonho, sem príncipe!
Quero-te noite porque o dia te leva de mim!
Porque o sol me leva de mim…
Desejo-te sapo, não príncipe! Para que possa ser tua…
Princesa já fui mas troquei a coroa por asas!
Sol por noite, torres por céu, ilusão por sapo!
Mas o dia nasceu…
Regressemos agora… não há fuga possível.
Tu príncipe… eu longe tão de mim…
Na morbidez da luz vamos morrer horas infinitas
Até que a noite volte e minhas asas renasçam…
Põe a coroa… é hora agora!
De noite eu volto… Sem ilusão, sem luz…
Sem rancor do dia que foi e do que virá…
Nós… de novo autênticos!
Tu sapo eu pássaro… novamente um.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Meu erro...


O meu erro foi amar-te.
Amar-te cega e estupidamente…
Agora o problema é odiar-te
Por ainda te amar perdidamente.
Sai de mim, deixa de ser meu sonho
Deixa de ser meu tormento…
Livra-te de ser meu tudo e nada,
Apaga-te do meu presente,
Some-te do meu futuro
E leva contigo as memórias.
Meu erro foi fazer tudo certo
E, com a ingenuidade de uma criança,
Acreditar que estarias por perto,
Pela vida, em cada esquina…
Agora é imperativo crescer!
Escorraçar a verdade do olhar!
Apagar a pureza do coração,
Ver eternamente nada,
Cega para o tanto que há…

Meu erro é ser ainda a mesma menina…

Rendo-me hoje...


Estendo a bandeira branca,
E entrego minhas armas.
Rendo-me hoje.
Não vou mais fazer da tua, minha vida,
Não vou mais vivê-la como minha,
E minha única.
Desisto…
Amor sim, incondicional até!
Mas não mais estúpido, cego
Jamais!
Entrego-me…
E, tristemente me rendo e desisto.
Amando-te viro costas.
E vou…
Vou na humildade do saber
Que meu ser, pequeno,
Mais por ti não pode…
Juro! É por te amar que vou
E a ti não volto breve.
Não tenho força…
Entrego-me a mim apenas,
E, na insignificância
Deste amor que me fere,
Fico no saber
Que meu amor bem te não fez…

O homem do violino


Olhei pela janela
E ali estavas….
Violino em punho
Olhar perdido, sábio,
Modesto.
Homem pobre,
De riqueza infinita.
Um sorriso lindo!
E tocavas…
Tocavas para ganhar o pão,
Tocavas para Homens grandes…
Mas tão pequenos!
Carrancudos em suas vidinhas!
Meu coração apertou.
Fiquei pequena também…
Ao ver-te ali…
Rico, sorridente, modesto…
O homem do violino,
Que não tem pão
É, contudo, um Homem!
E eu sim, insignificante…
Pobre! Ignorante!
Com tanto pão…
E triste…

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Momento


Uma noite fria de verão...
No céu, a primeira estrela,
Ilumina o caminho.
Tão distante...

Na árvore, o misterioso piar da coruja,
Suaviza o vento com seu encanto.
No horizonte, a lua discreta
Veio brindar a noite
Convidando a ternura.
De repente... Tu...
Nós...
Nossos dedos entrelaçados.
Num abraço imaginado, sentido,
Fazem fugir um sorriso, tímido...
Lindo.
E o momento
É quando o meu olhar se fixa,
Perdido num turbilhão de emoções,
Onde o silêncio é rei,
Que paro para pensar e…
Escolho ficar!
Então um beijo, docemente aguardado,
Faz do silêncio
A mais bela das palavras...

Prometo...mas...


Porque passas por mim de fugida
E assim me deixas perdida,
Hoje zango-me contigo, vida!
Que não me dás outra saída…

Não quero mais este ser adulto
Deixa ficar a criança em mim
De crescida não quero nem o vulto
Quanto mais este ser assim…

Devolve-me a ternura ao olhar,
E traz-me a inocência aos pensamentos.
Faz a ingenuidade aos gestos regressar,
Mas tira, por favor, o medo aos sentimentos!

Se os dias teimarem em não passar,
E às perguntas ninguém responder,
Prometo! Desta vez não vou reclamar.
E juro! Adulta não vou pedir para ser…

Devolve-me a magia de um sorriso
E a honestidade de uma lágrima.
Se for criança, nada mais preciso,
E vou colorir-te… página por página!

Prometo! Mas deixa-me ser criança…
- outra vez.

Tanto medo de respostas...


De ti, tantas perguntas para escutar
Em mim tanto medo de respostas…
Cerro os lábios para não falar,
Fecho os olhos e viro costas…

Aperto o coração bem no centro,
Tapo os ouvidos tão moucos…
O sangue gela lá dentro
Os pensamentos ficam loucos…

Desejo por tudo não saber,
Imploro para que não notes.
Tudo o que sei ainda sofrer
Escondo de ti para que não te importes!