quinta-feira, 30 de junho de 2011

Estamos vivos...


Podemos sentir a areia, ver a lua, cheirar a maresia...
Estamos vivos!
Somos restos de tudo, memorias vivas!
Palavras caladas, choros escondidos, risos disfarçados
Pele enrugada, suor em bica, desejos secretos!
Estamos vivos!
Sabemos o gosto frio do gelado, o quente do chocolate
O fresco das ventoinhas, o ruído das árvores!
Somos raivas contidas, amores escandalosos
Somos anjo caído, nuvem de algodão!
Estamos vivos... somos imaginação!

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Não é fácil, bem o sei...


Não é fácil, bem o sei...
Quando na consciência do gume afiado da vida
A linha que traçamos deve permanecer recta
Quando o gelo pesa mais que a alma
E sentimos a gravidade trocar-nos as voltas.

Vontade é reinventar as letras
Sair para o dia de sempre
Como se fosse tudo novo
É ser o estranho, o desterrado
E SER a valer, sem querer saber.

Não é fácil, bem o sei...
Quando a carne se sabe efémera
E a alma se sente eterna neste limbo
Não é fácil desnutrir o peito do ar da vida,
Antes que a sede do fogo nos derrube...

Não é fácil...
Mas, que sei eu afinal?
Se é de coragem que falamos,
É aos audazes que pertence escrever o destino...

terça-feira, 21 de junho de 2011

Porque não...


Porque não...
Porque talvez não seja todos os dias
Porque os dias não também são dias.
Porque há coisas que não sabem ser
Porque há coisas que não sabemos fazer existir
Porque renascemos mas a carne guardou memórias
Porque parimos gritos mudos em medos que de nós escondemos
Porque todas as cores nos deixaram na escuridão do preto
Porque o choro foi conjunto mas as lágrimas secaram sós
Porque fomos só dois mas não to soube dizer
Porque foram só nossos os beijos mas deixaste-os fugazes
Porque a fome que saciamos deixou-me sede que não confessei
Porque as leis da terra foram cruas e o desamparo mutuo
Porque o relógio parou mas não demos conta
Porque nos exultamos lado a lado sem nos lançarmos ao fogo
Porque voamos mas o voo foi rasante ao abismo
Porque estávamos por tudo mas não soubemos acalmar a ânsia
Porque as palavras foram muitas e nunca nos soubemos.
Porque não...
Porque não pode ser todos os dias que escrevemos juntos
Porque nem sempre é tempo de ser... e tudo é como deve ser.
Porque o adeus ficou marcado no silencio... e foi assim.
Porque nem todos os dias são felizes.
Porque te quis mais do que te tive.
Porque sim... se calhar faz parte...

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Fuga...


Às vezes queria fugir para as estrelas!
Ir num suspiro até a ponta mais longe do arco-íris.
Ser pena levada pelo vento,
Avestruz cabisbaixa, larva em caverna profunda,
Carne apodrecida, alma morta sem memoria!

Às vezes queria ser fantasma... Buraco negro!
Trovão revoltado, chuva passageira.
Fugia para a floresta mais encantada,
Dançava com o gnomo mais mágico
Levada nas asas da mais linda borboleta...

Às vezes queria não ser...
Só e apenas... não ser mesmo!
Ser simples...
Ser energia que flui sem ritmo imposto
Só em mim.
Só quando... se quisesse.