quinta-feira, 27 de junho de 2013

Reparei

Só hoje reparei que chove mesmo no verão,
Que não são mais quentes as noites de lua
E as amoras às vezes não adoçam em Agosto...
Só hoje vi que não são tão altos assim os eucaliptos,
Que nem todas as formigas correm
E o mar nem sempre tem tranquilidade…
Só hoje senti que nem sempre a terra é húmida
Que todo o calor pode nunca ser suficiente
E que o vento nem sempre agita…
Só hoje me dei conta que o vício pode alimentar a alma
Que o abismo pode ser o caminho mais luminoso
E o amor é tão doce como brutal…
Só hoje soube que nem sempre é como veem os olhos
Que as palavras são cruas e não têm entrelinhas
E que o som do silêncio nem sempre traz paz…

Hoje reparei, vi, senti… dei-me conta… soube!
E não me importa...

...leva-me longe o sonho...

Ácido

Venham bolas de chumbo, derrubem-se os muros
não quero mais a perdição em que me deixa o espinho
Venham os mapas sem linhas...
Barafusto sem timidez a revolta de não saber
Sou peso na cama revirada em sonhos que teimam escurecer
Bebedeira hoje só de ácido... a doer na carne
ou deixar-me em silêncio para sempre se for esse o tempo
O Destino o sabe... Só Ele o pintou.
Da lógica já desisti, mas preciso achar-me.
Fiquem os escritos para os outros…
Que sabem de razão se a não dizem irracional e crua?
Que sabem do nada do espírito a ser tanto?
Da dor da carne no prazer sem sentido?
Do céu que desaba na profundeza da terra?
Do cheiro a sangue nas entranhas do ser?
Que sabem do ácido em vicio mortal
Bebedeira consciente?
O que sabem do que dizem saber ?
Que se lixem! Morram!
Nada sabem do que sinto… do que é.
Se não tenho paz derradeira para me poder dizer e achar, grito
Mas é hoje...
Se é magia jamais será luto.
Mesmo se de ácido for...

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Mais...

Para além do que foi, o que há?
Se no que foi tudo foi… e tanto foi.
Para além do que ficou em pele pintado,
O que se pinta a ser novo?
O que resta para marcar quando nada se apaga?
Para além do círculo dourado que é,
Que outro círculo pode existir a ser tanto e mais?
Se ainda é círculo indecifrável em mãos tuas…

Em mãos alheias…

Se está fechado num aberto em sempre...
Em criação que foi e nas que não foram,
Que criações são diferentes... a ser em mais?
O que resta para ser além do tudo que foi já pedido?
O que se pode dar quando tudo já foi tido?
Das almas nuas, oferendas submissas em espera eterna
Roça o divino, carnal e brutal…
Em amores sem ser, em uso a abrir…
Em amor por demais…
Para além do que dado foi - só - por ser pensamento?
O que se cria depois das memórias que se não apagam,
Em Amor transcendente, dependente em vício… se já foi porque pode ser mais?


O que é tudo a ser quando tudo já foi?


O que fica para ser aqui…
Se tudo já foi e tudo é novo em mim…