terça-feira, 24 de novembro de 2009

Já disse!


Não quero amar-te de novo! Já disse!

Odeio esta felicidade que me consome,

Que me quer vencer cada vez que voltas...

Para quê ter-te sabendo que vais de novo?

Vejo a cada segundo a tua fraqueza dizer-me adeus…

Quem me dera ser forte como outrora fui

Para te carregar no colo de novo…

Mas meus braços estendem-se em vão.

Quando te sinto inerte, apático, cobarde!

Sinto que as minhas mãos estão vazias

E já nada têm para te oferecer.

As palavras são as mesmas mas deambulam cá dentro

Silenciosas, perdidas, gastas talvez.

A raiva é tanta que pergunto, em silêncio,

Que é do amor que jurei incondicional?!

Acho que se desfez aos poucos a cada partida tua.

Sangrou a cada decepção que o feriu

Até que desistiu… tornou-se fraco, morreu (?)

Não, não te vou amar de novo!

Nem que a cobarde seja eu…

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Desvenda-me...


Quero falar-te mas a boca não obedece.
Escuto-te atenta e respostas surgem.
Duvidas, medos, anseios, perguntas mil…
Mas as palavras ficam retidas, a voz não sai!
Os pensamentos revoltam-se, impotentes.
O teu sorriso paralisa-me…
Olho-te na esperança da tua compreensão.
O teu carinho aterroriza-me
Por te acarinhar tanto também.
A tua ânsia em me saberes de cor fecha-me.
Resguardo-me em sorrisos com medo de não te servir.
Se os teus beijos me protegem
Os teus olhos desvendam-me.
E como gosto deste agridoce…
Quero dizer-to mas não consigo
Abraço-te… sinto-te.
Sente-me também.
Sim, tu sabes! Acredita-te!
As palavras que não digo são silêncios falantes,
Os gestos enciclopédias inteiras!
Por cada beijo uma sílaba! Em cada abraço um pedido...
Numa lágrima desejos imensos!
Num tímido sorriso medo sem fim…
Desvenda-me, é simples: quero-te.
Lê-me, escuta o que não falo.
Sou tua… quero ser.
Serás tu meu?

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Desilusão


É esta desilusão constante,
Esta permanente sensação de queda,
Falha, fracasso…
Fico exausta… esgotada, frágil!
Cada olhar desviado me soa a rejeição,
Em cada nova rota que traço,
Um caminho tortuoso de destino perdição…
Chega! Basta!
Sempre soube: porque e como tem que ser.
Mas quando a razão não entende,
Vezes e vezes sem fim,
Batalhas infinitas,
O motivo perde-se no esforço da luta.
E o gosto da vitoria, tão distante já,
É uma memória ténue, quase apagada…
Quero a inércia de não ser,
Os olhos vidrados de não ver,
O gosto fraco de não sentir,
O peito gelado de morrer…
Quem me dera a coragem de renascer.
Poder ao mundo tornar virgem de ideias
Sem o paladar da derrota,
A fúria do cansaço ou a fragilidade do ser.
Apenas sonhos e forte na ânsia de viver…
Mas a ilusão foge e torno à nova exaustão…
Anos passarão nesta que é a rotina,
O destino fatídico de quem nasce,
Luta, perde, morre e renasce…
Até um dia…

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Tendência obcessiva


Impressionante a tendência, obsessiva mesmo, que o ser humano, a mulher em particular, tem para se refugiar em pequenas alegrias e fazê-las gigantesca, apenas para não sentir o descontentamento de não estar feliz na sua plenitude, apenas para não ter que agir em conformidade com a sua ânsia de mudar…
O medo é terrível, seja o de nos ferirmos ou o de ferir o outro…
Escandalosa ainda a firme postura do: “antes eu que ele porque comigo posso eu bem!” Será que podemos mesmo?!
E este masoquismo a que nos submetemos inconscientemente, não é feri-lo também? Enganá-lo…
Esta ganância com que seguramos a vontade de ser feliz está de tal forma em nós entranhada que sentimos essa felicidade como se de facto ela existisse na forma que a desenhamos… mergulhamos numa ilusão de onde nos recusamos a sair até que a bolha rebente de tanto que a quisemos tornar maior e não fique réstia sabão.
E depois?

… … Frieza, honestidade…
Confessamos, aterrorizadas com este acto monstruoso que mais uma vez estamos prestes a cometer, e a quem nunca quise
mos magoar, a ilusão em que nos mantivemos cativas e partimos… Vamos, apesar da sensação de bruxa má, tranquilas com a franqueza das palavras e na esperança de ter aprendido que a felicidade na sua forma mais pura jamais se pode desenhar pois é ela o próprio caminho e não a meta.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Planeta do sem fim


Quero perder-me de mim,
Num recanto onde olhos alguns alcancem.
Ficar na terra do sem fim
Onde tudo pode ser sonho e nada se perde.
Quero reencontrar-me nesse mundo de perdição
Sem a alma que me fere
E que me faz preferir a fuga...
Quero ir e quero por lá ficar,
Postrada perante a grandeza deste plano diabólico:
... a vida!
Vou admirá-la até dormir, exausta.
Perdida de mim, evadida da vida.
No planeta do sem fim,
No recanto onde os teus olhos não alcançam,
Fujo de mim para não fugir de ti.
E espero, observo...
Desespero pelo momento final
Encho o peito de coragem e regresso.
Busco minha alma na tua.
Quero prometer:
Nao fujo mais de mim.
Cativa-me, protege-me, precisa-me...
Não quero fugir de ti.

quarta-feira, 8 de julho de 2009


Quebrei a promessa...
E com esta tantas outras!
Ai! Mas que vitória!
Que decepção e que alívio!
Soubera eu o peso que carregava
Já a teria quebrado antes
Promessa desfeita, caminho encontrado.
Achava ser saudade e fugia angustiada...
Afinal era orgulho ferido.
E eu, antes mesquinha,
Agora sem pudor,
Pensei, repensei... cedi.
Juramento quebrado por maldade?
Talvez, não nego, não o sei!
Que importa agora?
Vida refeita... novos sonhos, liberdade!
Sinto-me... bem!
Com pena... apenas e só.
Não, não é saudade, já sei.
Nostalgia também já vai longe
Amor? não conheces,
Paixão, nem por sombra!
Uma promessa derrubada, nova se levanta.
Só minha, por fim...

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Não apetecia...


Só gosto de escrever de vez em quando.
De vez em quando e se me apetecer!
Hoje? Hoje estou no campo...
E apetecer, não me esta a apetecer.

Podia falar dos grandes pássaros,
Ou até dos pequenos ácaros.
Mas nem isso vou fazer,
Já disse: não me está a apetecer!

Já que não quero escrever,
Poderia um livro ler...
Mas ler dá-me inspiração,
E isso não quero não.

Podia então encostar-me
E na sobra a sesta dormir,
Mas as melgas estão a picar-me
E as abelhas não param de zumbir!

Nada fazer é aborrecido
E não é vida para mim.
É melhor ver se me decido,
Ou isto não terá fim!

Escrever não me apetecia
Mas acabou por dar jeito
Pois sem nada eu ter feito
O sol disse que não dormiria!

Sem força...


Caí sem chão,
Sem arranhão.
Tombei no ar,
Senti-me afogar...
No mar da solidão
Fiquei a vaguear.
Em tempos que vão,
vestida para lutar,
No mundo da perdição
Deixei-me amar...
Agora, sem arpão,
Só quero repousar.
A luta foi em vão,
Não vou recordar!
O silêncio dá-me a mão,
Não voltes! Não quero ficar...

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Efémero …


Sou feliz porque posso correr,
E porque posso cantar também.
Ver os pássaros faz-me sorrir,
Ver-te também.
Porque tenho asas e posso voar,
Num mundo lindo e só meu,
Também sou feliz!
Sou feliz porque és feliz.
Sou feliz porque vejo o sol,
E a lua e as estrelas também.
O azul faz-me feliz!
Sou feliz porque os cães ladram e os gatos miam.
E feliz sou pela formiga que consegue alimento.
Saber que existes faz-me feliz.
Sou feliz por aquele instante,
O ano que passou faz-me feliz.
Um segundo contigo também.
A chuva que cai do céu,
O menino que ri no parque,
A onda que rebenta na areia,
A magia de uma noite encantada,
O floco de neve que derrete,
A borboleta que voou…
Todos os momentos me fazem feliz.
Todos são efémeros…

...isso não me faz feliz.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Quero-te...


Quero-te... talvez mais do que devia
Talvez mais do que queres que te queira...
Não sei... talvez.
Que medo desta felicidade que sinto!
Porquê? castigo?! sim?!
Merecido! aceito-o...
Mas quero-te de igual forma!
Mesmo sem saber se assim me queres também,
Aceito esta incerteza mas fica perto.
Quero as tuas palavras, o teu sorriso...
A tua presença, o teu beijo...
Quero-te sem saber contar o quanto
Sem sequer entender o porquê...
Apenas quero.
Não! Não quero apenas... preciso!
Preciso deste sorriso que a mim retornou
Preciso desta leveza de quando estou contigo
Preciso do teu abraço que me protege
Preciso de ser menina outra vez...
Preciso-te mais do que talvez me queiras...
Gosto-te assim mais do que talvez me gostes
Do que talvez me queiras algum dia gostar...
Não respondas... receio ouvir de ti.
Se ficares está tudo dito...
Quero-te nos teus dias bons como te quero nos maus
Nas tuas vitorias como nas derrotas.
Mas apenas se quiseres ficar...

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Capricho... devasso! Fora de tempo!


Sete vezes as estações se trocaram,
Dias infindáveis regulares se tornaram…
Eis senão quando, do nada,
Confissões de desejos escondidos
Se revelaram comuns.
Num acto de coragem indecente,
Ouvi tuas revelações e descaí-me nas palavras.
Descuido imoral! Palavras proibidas pronunciei.
E tanto que jurei jamais ceder!
Pergunto-me porquê, pergunto-te…
O agonizar do silêncio é a resposta.
E agora? Que fazer com tão escandalosas palavras?
Como segurar desejos confessos?
Que na ânsia se querem libertar, devassos…
Pintei este dia vezes sem fim. Ai! Se o desejei!
E logo agora que o não queria…
Tinha para mim que eram coisas minhas, absurdas.
Afinal o segredo era nosso…
Agora que já não sou tua nem tu me pertences mais,
Palavras que soltamos no ar são sementes.
E o sol, caprichoso, queima de propósito
Buscando desculpas para saciar a sede.
Desejo decadente, capricho indecente!
Saudade…
Vamos esperar pela chuva… ela que mate a sede.
E faça o trabalho limpo pela nossa mente suja.
Regressa a quem pertences e eu farei o mesmo.
É nosso o segredo… conserva-o.
Talvez um dia…

domingo, 10 de maio de 2009

Segue... eu não volto.


Como dizer-te que errei?
- outra vez .
Com que cara usar as mesmas palavras,
As mesmas justificações, desculpas...
Perdoa-me...
Gosto-te sim, mas amor? Amor não.
Confundi? Quis acreditar?
Não sei... talvez.
Ou talvez apenas meu egoísmo...
Agora tenho que ir, de novo, eu sei...
Mas não volto.
Vai! Convence-te do fim.
Sei o quanto vais sofrer, mas passa.
Segue sozinho agora.
Mas promete-me: ama-te primeiro!
Ama-te mais que tudo!
E aí, um dia, quem sabe...
Eu sei, certamente,
O caminho vai sorrir-te de verdade
Sem mim, convence-te.
Vai agora. É tarde.

sábado, 9 de maio de 2009

Tanto medo de respostas...


De ti, tantas perguntas para escutar
Em mim tanto medo de respostas…
Cerro os lábios para não falar,
Fecho os olhos e viro costas…

Aperto o coração bem no centro,
Tapo os ouvidos tão moucos…
O sangue gela lá dentro
Os pensamentos ficam loucos…

Desejo por tudo não saber,
Imploro para que não notes.
Tudo o que sei ainda sofrer
Escondo de ti para que não te importes!

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Ainda há dias assim


Ainda há dias assim...
Dias que passam na lendidão dos segundos que teimam em esconder-se de mim.
Dias que se demoram em si, retidos em pensamentos com alma pedida.
Dias que ficam no fim do tempo e que se repetem numa existência passada.
Dias de memórias já esquecidas que fazem do passado um novo presente.
Dias que ficam longe do futuro por o não terem.
Dias... nostálgicos... desperdiçados.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

o salto...


Hoje de forma diferente… “texto corrido” mas nem um pouco menos dorido! Sinceramente?! Nem menos nem mais porque apenas acho que já não sinto. É tanto o aperto que me sufoca a cada palavra que escrevo… mas se não escrevo expludo!
É realmente complexa a mente humana… quem diria que precisei de chegar a esta (pouca) idade para de facto o saber, o sentir…
É tão fácil quando, usufruindo da minha (des)humana capacidade (i)lógica, me dou conta de que sou racional e vejo tudo com uma clareza que não deixa manobra para incertezas!
Tudo é lógico!
Sei que pode piorar mas que tenho o poder e a capacidade para fazer melhorar! Demore o que demorar porque, (i)logicamente nada dura para sempre!
Nada?! Sim, logicamente que nada exceptuando a morte…! Ah… Morte… Pergunta: Desespero ou estado de graça?!
Não é estar morto já o nada sentir, este sufoco que contrasta com a leveza diária do meu poema antitético que oscila entre o que me faz andar a levitar, olhando para a minha própria vida como se sobre ela pairasse e não fosse eu a própria peça, e o fardo que carrego aos ombros como se do peso do universo se tratasse?!
Logicamente que não!
Sei, com o saber racional que a minha capacidade (des)humana me confere, que é apenas um estado passageiro, originado por momentos de fadiga física, psicológica… sei, sem sobra de dúvida que, logicamente, passa! Porque, logicamente, sou adulta, responsável e forte… E... logicamente, para não variar, só eu tenho a capacidade de mudar o que em mim esta errado e, apenas em mim, os outros são responsáveis por si!
Agora ilogicamente e, por isso, mais verdadeiramente… não o sinto! Sou racional? sim… alguém com canudo o disse e assim lhe façamos a vontade... mas não sinto qualquer racionalidade em mim!
O precipício entre o saber e o sentir é gigantesco e, o medo, completamente irracional! Já o passo que me conduz ao salto, à queda… esse, obrigatório!
Não podes levantar-te se não entras no precipício! Ilógico mas sentido… como tal nada racional!
De facto, dei-me hoje conta de que é necessário e indispensável conhecer o fundo ao poço para saber onde encontrar a água e finalmente saciar a sede.
Difícil não é ser forte… ser racional é de todas a mais fácil das provas a que este jogo irónico (sádico?), a que chamam de vida, me submete.
O salto, o medo, o sufoco, a cegueira total que me faz sentir já sem vida de tão insuportável, esse sim: o verdadeiro e único acto racionalmente impensável e emocionalmente imposto! (I)Logicamente é este o derradeiro passo para a libertação do agir. Para a construção da ponte que tranquiliza o abismo entre o saber e o sentir…
O salto…
Deixarei no abismo o peso do universo que racionalmente não me pertence mas que sinto tão meu… De volta à superfície trarei apenas comigo o medo de o não carregar e não ter assim desculpas para inércia em que me quero acomodar.
Vou enterrar na parte mais funda todas as reservas de espinafres que me fazem achar Popey e me impõem a obrigação de ser forte, vou buscar e transportar apenas a mulher que também é menina e precisa de colo porque nem sempre suporta sozinha.
Na subida vou soltar ao vento todos os preconceitos que me obrigam a ser lógica, racional e nada mais… maquina no fundo…
Quanto à imposição e ao próprio conceito de perfeição a que diariamente, logicamente, me obrigo… esse vou trazer comigo por instantes, só para ter o prazer de o lançar bem do alto e vê-lo esborrachar-se no fundo!
3…2…1…. Fecho os olhos, respiro fundo, as mãos transpiram, o coração quase pára… O silencio contaminou tudo… vou saltar!
Adeus precipício hoje quero (re)começar a construir a ponte!

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Quero-te sapo, quero-vos asas…


Vimos o dia nascer e tudo terminou.
Não mais escuridão, de regresso a solidão.
Torno a perder-me em mim, não sei quem sou!
Dois corpos, nossos, num só, separam-se em vão...
Um raio de sol leva de todo a magia
Apenas luz… e tão bela e mórbida como ela só!
Esvaneceu-se o encanto, és príncipe agora!
Regressa ao castelo, antes o sapo da noite…
Não quero saber de eternas juras de amor,
Contos de fadas?! Ahah! Ilusão!
Cavalos brancos, castelos, torres encantadas?!
Princesas encarceradas, é tudo o que vejo!
Quero ser pássaro, quero-te sapo…
Quero-te noite, sem luz… sem disfarces!
Ríspida e fria, sem ilusão, sem sonho, sem príncipe!
Quero-te noite porque o dia te leva de mim!
Porque o sol me leva de mim…
Desejo-te sapo, não príncipe! Para que possa ser tua…
Princesa já fui mas troquei a coroa por asas!
Sol por noite, torres por céu, ilusão por sapo!
Mas o dia nasceu…
Regressemos agora… não há fuga possível.
Tu príncipe… eu longe tão de mim…
Na morbidez da luz vamos morrer horas infinitas
Até que a noite volte e minhas asas renasçam…
Põe a coroa… é hora agora!
De noite eu volto… Sem ilusão, sem luz…
Sem rancor do dia que foi e do que virá…
Nós… de novo autênticos!
Tu sapo eu pássaro… novamente um.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Meu erro...


O meu erro foi amar-te.
Amar-te cega e estupidamente…
Agora o problema é odiar-te
Por ainda te amar perdidamente.
Sai de mim, deixa de ser meu sonho
Deixa de ser meu tormento…
Livra-te de ser meu tudo e nada,
Apaga-te do meu presente,
Some-te do meu futuro
E leva contigo as memórias.
Meu erro foi fazer tudo certo
E, com a ingenuidade de uma criança,
Acreditar que estarias por perto,
Pela vida, em cada esquina…
Agora é imperativo crescer!
Escorraçar a verdade do olhar!
Apagar a pureza do coração,
Ver eternamente nada,
Cega para o tanto que há…

Meu erro é ser ainda a mesma menina…

Rendo-me hoje...


Estendo a bandeira branca,
E entrego minhas armas.
Rendo-me hoje.
Não vou mais fazer da tua, minha vida,
Não vou mais vivê-la como minha,
E minha única.
Desisto…
Amor sim, incondicional até!
Mas não mais estúpido, cego
Jamais!
Entrego-me…
E, tristemente me rendo e desisto.
Amando-te viro costas.
E vou…
Vou na humildade do saber
Que meu ser, pequeno,
Mais por ti não pode…
Juro! É por te amar que vou
E a ti não volto breve.
Não tenho força…
Entrego-me a mim apenas,
E, na insignificância
Deste amor que me fere,
Fico no saber
Que meu amor bem te não fez…

O homem do violino


Olhei pela janela
E ali estavas….
Violino em punho
Olhar perdido, sábio,
Modesto.
Homem pobre,
De riqueza infinita.
Um sorriso lindo!
E tocavas…
Tocavas para ganhar o pão,
Tocavas para Homens grandes…
Mas tão pequenos!
Carrancudos em suas vidinhas!
Meu coração apertou.
Fiquei pequena também…
Ao ver-te ali…
Rico, sorridente, modesto…
O homem do violino,
Que não tem pão
É, contudo, um Homem!
E eu sim, insignificante…
Pobre! Ignorante!
Com tanto pão…
E triste…

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Momento


Uma noite fria de verão...
No céu, a primeira estrela,
Ilumina o caminho.
Tão distante...

Na árvore, o misterioso piar da coruja,
Suaviza o vento com seu encanto.
No horizonte, a lua discreta
Veio brindar a noite
Convidando a ternura.
De repente... Tu...
Nós...
Nossos dedos entrelaçados.
Num abraço imaginado, sentido,
Fazem fugir um sorriso, tímido...
Lindo.
E o momento
É quando o meu olhar se fixa,
Perdido num turbilhão de emoções,
Onde o silêncio é rei,
Que paro para pensar e…
Escolho ficar!
Então um beijo, docemente aguardado,
Faz do silêncio
A mais bela das palavras...

Prometo...mas...


Porque passas por mim de fugida
E assim me deixas perdida,
Hoje zango-me contigo, vida!
Que não me dás outra saída…

Não quero mais este ser adulto
Deixa ficar a criança em mim
De crescida não quero nem o vulto
Quanto mais este ser assim…

Devolve-me a ternura ao olhar,
E traz-me a inocência aos pensamentos.
Faz a ingenuidade aos gestos regressar,
Mas tira, por favor, o medo aos sentimentos!

Se os dias teimarem em não passar,
E às perguntas ninguém responder,
Prometo! Desta vez não vou reclamar.
E juro! Adulta não vou pedir para ser…

Devolve-me a magia de um sorriso
E a honestidade de uma lágrima.
Se for criança, nada mais preciso,
E vou colorir-te… página por página!

Prometo! Mas deixa-me ser criança…
- outra vez.

Tanto medo de respostas...


De ti, tantas perguntas para escutar
Em mim tanto medo de respostas…
Cerro os lábios para não falar,
Fecho os olhos e viro costas…

Aperto o coração bem no centro,
Tapo os ouvidos tão moucos…
O sangue gela lá dentro
Os pensamentos ficam loucos…

Desejo por tudo não saber,
Imploro para que não notes.
Tudo o que sei ainda sofrer
Escondo de ti para que não te importes!